Se você está aqui, é porque já ouviu falar nos famosos Exchange-Traded Funds, ou simplesmente ETFs, e quer conhecer mais sobre esse tipo de fundo. Se é este o seu caso, neste artigo, nós vamos apresentar os principais conceitos necessários para entender este tipo de produto.
Você vai entender:
- Como os ETFs funcionam;
- Vantagens;
- Tipos de ETFs disponíveis;
- Como investir;
- Fatores a serem considerados ao investir em ETFs;
- Estratégias de investimento com ETFs;
- Tributação sobre ETFs.
O que são ETFs
Os ETFs, ou Exchange Traded Funds, são os chamados Fundos de Investimentos em Índice de Mercado, ou Fundos de Índice. De forma simples, um ETF é uma comunhão de recursos (fundo) destinados à aplicação em ativos financeiros. Ele visa refletir as variações e a rentabilidade de um índice de referência, por prazo indeterminado.
Para você entender melhor: um ETF de Ibovespa, por exemplo, é um índice que “copia” as variações do principal índice da bolsa brasileira.
Os ETFs são construídos sob a forma de condomínio aberto. Isso significa que o resgate de suas cotas é permitido a partir de alguns valores, assim como novos aportes. Além disso, as suas cotas podem ser negociadas em bolsa de valores.
Como o seu desempenho busca apenas refletir o desempenho de algum índice de referência, é proibida a cobrança de taxa de performance.
Como os ETFs funcionam
A dinâmica básica de funcionamento de um ETF segue uma lógica bem definida.
Para a sua constituição, o primeiro passo é o estabelecimento de um administrador que criará toda a documentação e a sujeitará à aprovação da CVM.
Após a aprovação, o ETF passa a existir. Depois, uma instituição financeira realiza a oferta pública, e com os recursos, compra um conjunto de ativos. Na oferta pública, investidores com conta em qualquer instituição financeira podem comprar as cotas de ETFs.
Mas os ativos não são adquiridos pelo fundo de qualquer maneira. Portanto, eles devem obedecer à exata proporção para refletir um determinado índice. Vamos pensar em um ETF que vai seguir o Ibovespa. Nesse caso, a instituição financeira vai adquirir os mesmos ativos que compõem esse índice, e na mesma proporção. Dessa forma, a variação da carteira será a mesma variação do Índice para um determinado período.
A qualquer momento, o gestor do fundo pode aceitar novos aportes, criando novas cotas atreladas aos ativos do índice. Da mesma maneira, resgates são permitidos, desde que os valores mínimos para os lotes de cotas sejam respeitados.
Os preços das cotas de ETFs são determinados pelo mercado, com base na oferta e na demanda. À medida que os investidores compram ou vendem cotas de um ETF, o preço flutua de acordo com a demanda do mercado.
Vantagens dos ETFs
As principais vantagens dos ETFs são: diversificação, acesso a mercados e baixas taxas de administração. Porém, fique tranquilo, pois, discutiremos cada uma delas a seguir.
Diversificação
Os ETFs permitem a diversificação instantânea, afinal, ao acompanhar o desempenho de um determinado índice, os ETFs precisam adquirir a mesma carteira diversificada do índice. Dessa forma, ao adquirir uma cota de ETF, o investidor já estará automaticamente adquirindo títulos e valores mobiliários diferentes, o que implicará em diversificação instantânea.
Acesso a vários mercados
Existem índices que refletem mercados específicos, como por exemplo, o índice de energia elétrica (IEE).
Se um ETF visa refletir o desempenho deste índice, então, ele vai adquirir toda a composição de ativos do índice. Dessa forma, ao adquirir um ETF, o investidor estará exposto ao mercado de energia elétrica.
Existem mercados que são um tanto inacessíveis para o investidor comum caso ele quisesse adquirir os ativos individualmente. Porém, ele pode adquirir exposição a todos os ativos apenas com cotas de ETF.
Baixas taxas de administração
Isso já foi explicado anteriormente, mas vale a mesma reflexão. Dessa forma, lembre-se de que o desempenho do fundo está atrelado ao desempenho de um índice. Assim, o gestor do fundo não precisa ficar movimentando a carteira para perseguir um retorno previsto na política do fundo.
Dessa forma, o trabalho do gestor e do administrador é reduzido, e por isso não há permissão de cobrança de taxa de performance. Há, naturalmente, a cobrança de taxa de administração, afinal, o fundo está sendo administrado. Mas seguindo a mesma lógica, a cobrança da taxa de administração será menor, afinal, não se persegue performance maior do que a do próprio índice.
Tipos de ETFs disponíveis
Os ETFs não visam apenas refletir índice de mercado, mas também setores, commodities, renda fixa e, até mesmo, mercados internacionais.
ETFs de renda variável
Os ETFs de renda variável são os mais populares. Aliás, são tão populares que sua definição básica se confunde com a própria definição de ETF.
Como já dissemos, esses ETFs buscam replicar a performance de um índice de mercado, como o Ibovespa ou o Nasdaq 100, por isso eles são classificados como renda variável. Eles permitem que os investidores tenham exposição a um conjunto diversificado de empresas listadas no índice. Dessa maneira, proporcionam uma forma eficiente de acompanhar a performance do mercado como um todo.
ETFs de renda fixa
Além disso, existem ETFs de renda fixa, que investem em títulos de dívida, como títulos públicos ou corporativos. Esses ETFs permitem aos investidores obterem rendimentos estáveis e diversificar sua carteira com ativos de baixo risco.
Diferentemente dos ETFs de Ações, a quantidade de classificações é bem menor. Eles estão atrelados à performance dos títulos públicos.
ETFs de commodities
Commodity é uma palavra inglesa usada para designar produtos de origem primária, ou seja, produtos básicos, em estado bruto, matérias-primas para outros produtos.
Como exemplos de commodities temos as agrícolas (soja, milho, café, algodão), as metálicas (ouro, prata e cobre), de energia (petróleo, gás natural) e de proteína (como boi gordo).
Também temos os ETFs de commodities. Eles permitem que os investidores se exponham às commodities físicas, como petróleo, gás natural ou metais preciosos, sem a necessidade de comprar os ativos. É uma forma indireta de investir nesses ativos.
ETFs de criptoativos
No Brasil, o investidor pode investir indiretamente em criptoativos por meio de ETFs na B3. Aqui, o destaque são os ETFs que acompanham os índices da Nasdaq, como o HASH11 (Hashdex Nasdaq Crypto Index Fundo de Índice).
Vale lembrar que os investidores não podem utilizar os ETFs diretamente para transações. Eles apenas participam da evolução de preços desses instrumentos que estão cada vez mais populares.
Como investir em ETFs
Lembre-se, primeiramente, de que você pode investir em ETFs comprando apenas uma cota. Essa também é uma das principais vantagens do produto.
Investir em ETF é muito fácil, uma vez que suas cotas são negociadas em bolsa de valores. O primeiro passo é abrir uma conta de investimento em alguma corretora de sua confiança.
Em seguida, você deve fazer a escolha do ETF mais adequado ao seu perfil de investimento. Escolha a categoria que mais se adeque ao seu perfil de investidor, daquelas que já citamos.
Não se esqueça de considerar o seu perfil de risco. Se você é uma pessoa avessa ao risco, faz muito sentido escolher ETFs com baixo risco, como as ETFs de renda fixa. Agora, se você é uma pessoa tendente ao risco, talvez um ETF de mercados mais arriscados seja a melhor escolha.
Você também deve considerar o seu objetivo de investimento, porque a escolha de um ETF deve se adequar a ele. Por exemplo, se você está planejando adquirir um veículo em três anos, talvez valha mais a pena ETFs de maior rentabilidade e risco. Agora, se você considera aposentadoria, então, ETFs menos arriscadas são a melhor pedida.
Por último, consulte o preço da cota do ETF de sua escolha, e usando o seu home broker, mande a ordem de compra. Depois, basta acompanhar a evolução dos preços e vender conforme a sua estratégia.
Fatores a serem considerados ao investir em ETFs
Três fatores devem ser considerados quando você investir em ETFs.
O primeiro deles é a estratégia de investimento. A escolha do ETF deve se adequar aos seus objetivos e a suas estratégias.
E o segundo é a diversificação. Lembre-se de que todo investimento é potencializado quando diversificado. Carteiras diversificadas são melhores do que carteiras concentradas. Nesse sentido, escolha ETFs que contribuam para a diversificação de seu portfólio já existente.
Por fim, considere a liquidez do ETF escolhido. Alguns ETFs são mais líquidos do que outros. A liquidez é importante, já que em algum momento você pode ser pego de surpresa em uma emergência e assim precisar dos recursos aplicados. Se o fundo não tiver uma boa liquidez, você terá outro problema.
Estratégias de investimento com ETFs
São muitas as estratégias disponíveis para se investir em ETFs e nós vamos listar algumas aqui para você.
Diversificação Ampla
Uma estratégia popular é utilizar ETFs que representem uma ampla diversificação de ativos, como índices de mercado amplos. Isso ajuda a reduzir o risco específico de uma única ação ou setor.
Diversificação Setorial
Investir em ETFs que rastreiam setores específicos da economia pode ser uma estratégia eficaz. Assim, você se expõem a tendências e oportunidades de crescimento em setores específicos, como tecnologia, energia ou saúde.
Diversificação Internacional
Utilizar ETFs que acompanham índices de ações internacionais permite a diversificação geográfica. Isso ajuda a aproveitar o crescimento em mercados internacionais e mitigar os riscos associados a uma única economia.
Renda estável
ETFs de renda fixa podem ser utilizados para buscar renda estável e preservação de capital. Portanto, esses ETFs acompanham índices de títulos públicos, corporativos ou outros instrumentos de renda fixa.
Estratégias Alternativas
Alguns ETFs implementam estratégias alternativas, como arbitragem, hedge ou investimentos em commodities. Essas estratégias podem ajudar a diversificar ainda mais sua carteira e explorar oportunidades únicas.
Tático
Investidores também podem utilizar ETFs para implementar estratégias táticas, realizando ajustes em suas alocações com base em condições de mercado ou eventos econômicos.
Investimento de Longo Prazo
Muitos investidores optam por utilizar ETFs como parte de uma estratégia de investimento de longo prazo. Essa abordagem visa o crescimento gradual do patrimônio ao longo do tempo, aproveitando o potencial de valorização dos ativos.
Tributação sobre ETFs
Devemos sempre considerar a tributação sobre os nossos investimentos, e isso não é diferente com os ETFs.
Sobre os ganhos de ETFs não há incidência de IOF, mas apenas de Imposto de Renda. Para pessoas físicas, a base para o pagamento de IR é o ganho líquido mensal em caso de venda. Esse ganho líquido é a diferença positiva entre o preço de venda e o custo de aquisição das cotas.
Nos ETFs não há a figura do “come-cotas” (como acontece com os fundos abertos). Também não há isenção de cobrança de Imposto de Renda para valores de vendas mensais inferiores a R$ 20.000,00, como ocorre nas ações.
No caso de ETFs de renda variável, o cotista arca com alíquota de 15% sobre o ganho de capital em vendas do mercado secundário. Para ETFs de renda fixa a alíquota de IR poderá variar entre 15% e 25%, considerando o prazo médio dos títulos que compõem sua carteira.
O imposto deve ser pago pelo investidor até o último dia útil do mês subsequente ao de sua apuração. A tributação é definitiva e não está sujeita à ajustes na declaração anual de Imposto de Renda.
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