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A base da análise técnica: conheça a Teoria de Dow

A Teoria de Dow fundamenta a análise técnica moderna. Ela propõe que o mercado reflete todas as informações e classifica tendências em primárias, secundárias e terciárias. A confirmação de índices e o papel do volume são também essenciais.

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A análise técnica representa uma ferramenta essencial para traders e investidores ao redor do mundo. Dentre as diversas teorias e métodos existentes, a Teoria de Dow destaca-se como um dos pilares.

Charles Dow, seu criador, não só revolucionou a forma como olhamos para os mercados, mas também estabeleceu as bases para muitas análises modernas. No entanto, muitos ainda questionam: por que essa teoria se mostra tão relevante mesmo depois de tantos anos?

A resposta reside em sua simplicidade e eficácia. Dow desenvolveu uma abordagem que captura a essência dos movimentos do mercado. Ele compreendeu que os mercados movem-se em tendências, e essas tendências refletem a acumulação de informações disponíveis. Assim, ao observar o mercado, podemos ter insights valiosos sobre seu futuro comportamento.

Contudo, entender a Teoria de Dow não se trata apenas de aprender sobre suas regras e princípios. Também envolve reconhecer sua importância histórica e sua influência em métodos contemporâneos. Portanto, neste artigo, mergulharemos fundo nesse universo, desvendando cada aspecto da teoria e explorando seu impacto na análise técnica atual.

Para cumprir essa missão, nós passaremos pelos seguintes tópicos neste artigo:

  • Histórico e Contexto
  • Fundamentos da Teoria de Dow
  • A Profundidade das Tendências
  • Aplicação prática da Teoria de Dow
  • A Relevância Atual da Teoria
  • Críticas à Teoria de Dow
  • Comparação com Outras Teorias de Análise Técnica

Histórico e Contexto

Menina lendo uma história, representando a história da Teoria de DowCharles Dow, jornalista e co-fundador do Wall Street Journal, emergiu no final do século XIX como uma figura central no mundo financeiro. Contudo, sua relevância não nasceu apenas do jornalismo. Dow percebeu padrões nos mercados e, assim, começou a esboçar suas ideias, que mais tarde formariam a base da análise técnica.

Ao lado de Edward Jones, Dow estabeleceu a Dow Jones & Company em 1882. Inicialmente, essa empresa fornecia boletins informativos para os corretores de Wall Street. Mas, com o tempo, Dow começou a publicar suas observações sobre o comportamento do mercado. Ele notou que os preços das ações não se moviam aleatoriamente. Em vez disso, eles seguiam tendências claras, refletindo a soma total do conhecimento do mercado.

Portanto, Dow desenvolveu uma série de princípios que ajudaram a identificar essas tendências. No entanto, ele nunca compilou suas ideias em um único documento ou livro. Foram seus seguidores que, após sua morte, consolidaram e expandiram seus conceitos, dando origem à Teoria de Dow que conhecemos hoje.

Assim, ao olharmos para a Teoria de Dow, não vemos apenas um conjunto de regras ou princípios. Enxergamos a genialidade de um homem que, em uma época sem computadores ou algoritmos avançados, conseguiu desvendar a natureza dos mercados financeiros. E essa compreensão ainda guia traders e investidores mais de um século depois.

Fundamentos da Teoria de Dow

A Teoria de Dow, formulada por Charles Dow no final do século XIX, é a base da análise técnica moderna. Ela estabelece princípios fundamentais que os analistas de investimento ainda consideram vitais hoje. Vamos explorar esses fundamentos.

Primeiramente, a teoria afirma que o mercado desconta tudo. Isso significa que todas as informações, públicas ou privadas, já estão refletidas no preço atual do ativo. Portanto, a análise de gráficos e padrões é suficiente para avaliar o mercado.

Além disso, a Teoria de Dow identifica três movimentos de mercado: primário, secundário e terciário. O movimento primário é a tendência principal do mercado, que pode durar anos. O secundário, geralmente uma correção do movimento primário, dura semanas ou meses. Por fim, o terciário representa flutuações diárias.

Outro pilar da teoria é a confirmação. Segundo Dow, para uma tendência ser considerada válida, os índices de ações devem confirmar uns aos outros. Isso implica que, por exemplo, se o índice industrial atinge um novo pico, o índice ferroviário deve fazer o mesmo.

Por último, mas não menos importante, Dow sustentava que o volume confirma a tendência. Então, um aumento nos preços com volume crescente indica uma tendência de alta sólida, enquanto um aumento nos preços com volume decrescente pode sinalizar fraqueza na tendência.

A Profundidade das Tendências

Quando falamos em tendências no mundo financeiro, referimo-nos à direção que o mercado toma durante um período. Charles Dow identificou que o mercado não se move em linhas retas, mas sim em ondas. Assim, ele categorizou as tendências em três níveis: primárias, secundárias e terciárias.

As tendências primárias, também conhecidas como movimentos principais, podem durar de um a vários anos. Elas representam o sentimento geral do mercado, seja ele altista ou baixista. Por exemplo, em uma tendência primária de alta, os preços atingem picos e vales progressivamente mais altos.

Já as tendências secundárias corrigem as tendências primárias. Elas podem durar de algumas semanas a vários meses. No entanto, é crucial compreender que estas não revertem a direção principal do mercado, mas sim a ajustam. Portanto, em um mercado de alta, uma tendência secundária pode resultar em uma queda temporária.

Por último, as tendências terciárias, que duram de um dia a algumas semanas, representam flutuações menores dentro das tendências secundárias. Enquanto alguns traders as veem como ruído de mercado, outros as utilizam para otimizar suas entradas e saídas.

Veja na figura abaixo exemplos de tendências extraídas do IBOVESPA (maio de 2021 a junho de 2022).

Gráfico do IBOVESPA ilustrando a Teoria de Dow

Assim, ao analisar o mercado sob a perspectiva da Teoria de Dow, torna-se fundamental identificar em qual dessas tendências o ativo se encontra. Esse entendimento possibilita operações mais alinhadas com o cenário predominante, aumentando as chances de sucesso.

Aplicação prática da Teoria de Dow

Para muitos traders, a Teoria de Dow serve como uma bússola no vasto oceano do mercado financeiro. No entanto, seu uso vai além de simplesmente identificar tendências. Ela orienta investidores em suas decisões diárias, especialmente na escolha de pontos de entrada e saída.

Primeiramente, ao identificar uma tendência primária de alta, um investidor pode optar por posições compradas. E, ao contrário, em tendências primárias de baixa, posições vendidas tornam-se mais atraentes. A teoria também destaca a importância de se observar o volume. Se uma tendência tem suporte em altos volumes, isso reforça sua força e validade.

Em segundo lugar, as tendências secundárias, apesar de serem correções, oferecem oportunidades. Durante uma correção de baixa em um mercado primariamente em alta, pode-se buscar pontos de compra ideais. Isso porque, após a correção, espera-se uma retomada da tendência primária.

Além disso, as tendências terciárias, com sua natureza de curto prazo, são especialmente úteis para day traders. Esses investidores, buscando lucros rápidos, se beneficiam das pequenas flutuações diárias. Mas, é claro, isso requer agilidade e atenção constante.

A Relevância Atual da Teoria

Apesar de ter sido desenvolvida no início do século XX, a Teoria de Dow ainda se mantém como referência. Alguns poderiam questionar sua aplicabilidade nos dias de hoje, contudo, sua essência permanece válida. Ao longo dos anos, o mercado financeiro sofreu inúmeras transformações. Mesmo assim, a natureza humana, e, consequentemente, a psicologia do mercado, não mudou drasticamente.

Primeiramente, é preciso entender que a teoria não se limita a gráficos ou números. Ela examina comportamentos coletivos, sentimentos de otimismo e pessimismo. Assim, mesmo com o surgimento de novas ferramentas e algoritmos, o emocional do mercado segue influente. E é aqui que a Teoria de Dow brilha.

Por outro lado, os avanços tecnológicos, de certa forma, endossam a teoria. As plataformas modernas facilitam a visualização de tendências, confirmando os princípios de Dow. Além disso, o advento da negociação algorítmica, curiosamente, reforça a previsibilidade de padrões, um pilar da Teoria de Dow.

Finalmente, a presença contínua da teoria em cursos, livros e discussões de mercado demonstra sua relevância. Muitos traders, novatos e veteranos, ainda confiam nos princípios estabelecidos por Charles Dow. Porque, no final das contas, enquanto houver mercado, a análise do comportamento humano será imprescindível. E é nisso que a Teoria de Dow se baseia.

Críticas à Teoria de Dow

Como qualquer teoria amplamente aceita, a Teoria de Dow não está livre de críticas. Ao longo dos anos, diversos analistas questionaram sua eficácia e precisão. Neste segmento, vamos mergulhar em algumas das críticas mais comuns.

Primeiramente, muitos argumentam que a teoria é excessivamente simplista. Dizem que, ao se concentrar em movimentos de preços e volumes, ignora-se uma variedade de outros fatores. Estes podem incluir notícias corporativas, cenários políticos e avanços tecnológicos. Assim, para alguns, a teoria apresenta uma visão estreita do mercado.

Além disso, a natureza subjetiva da Teoria de Dow gera controvérsias. Enquanto ela destaca a importância de identificar tendências, nem sempre é claro quando uma tendência começa ou termina. Portanto, dois analistas podem interpretar o mesmo gráfico de maneiras distintas.

Outro ponto de crítica se refere à eficácia da teoria em mercados altamente voláteis. Alguns argumentam que, em cenários de extrema volatilidade, os princípios de Dow se tornam menos previsíveis. O mercado, influenciado por algoritmos e negociações de alta frequência, pode não seguir os padrões tradicionais.

Finalmente, enquanto a teoria se concentra na psicologia do mercado, críticos argumentam que a análise técnica moderna oferece ferramentas mais sofisticadas. Estas podem dar insights mais profundos do que a simples observação de tendências.

Comparação com Outras Teorias de Análise Técnica

A Teoria de Dow, sendo uma das primeiras do campo da análise técnica, serviu de base para muitas teorias subsequentes. No entanto, com o avanço tecnológico e a complexidade dos mercados, surgiram novas abordagens. Vamos compará-las.

Inicialmente, temos a Teoria das Ondas de Elliott. Ela propõe que os mercados se movem em padrões cíclicos, chamados ondas. Enquanto a Teoria de Dow se concentra em três fases de tendências, a de Elliott identifica padrões de cinco ondas ascendentes e três descendentes. Assim, esta teoria oferece uma visão mais granular das flutuações do mercado.

Em seguida, o método de Point and Figure destaca-se pela sua simplicidade. Ao contrário de Dow, que utiliza gráficos de barras, este método emprega “X” e “O” para representar movimentos de preços. Assim, foca na reversão de preços, e não em sua continuidade.

A Análise de Candlestick, de origem japonesa, é outra técnica popular. Ela visualiza a dinâmica de preços usando “candelabros”, que representam variações diárias. Enquanto a Teoria de Dow se baseia em tendências, a técnica de Candlestick procura padrões específicos nos gráficos para prever movimentos futuros.

Além disso, a moderna análise técnica utiliza uma variedade de indicadores, como RSI, MACD e Bandas de Bollinger. Estes indicadores, combinados com ferramentas computacionais, permitem análises mais detalhadas.

Em conclusão, a Teoria de Dow, embora pioneira, é apenas uma das muitas abordagens em análise técnica. Cada teoria tem seus méritos, e a escolha entre elas depende do estilo e objetivos do analista.

Esperamos que com estes novos conhecimentos, você possa considerar a aplicação da Análise Técnica em suas análises de investimentos.

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