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Recompra de ações: o que é e como funciona

A recompra de ações reflete a confiança da empresa em sua saúde financeira, podendo valorizar suas ações. No longo prazo, a elevação do lucro por ação atrai investidores, mas a recompra mal planejada pode acarretar endividamento.

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O mercado de ações desperta o interesse de muitos por sua capacidade de gerar riquezas. Dentro deste vasto universo, uma prática específica chama a atenção: a recompra de ações. Este artigo visa esclarecer o conceito e o funcionamento desse mecanismo. Assim, acionistas, potenciais investidores e curiosos terão uma compreensão clara do tema. 

A recompra, embora pareça um contrassenso, mostra-se como uma estratégia valiosa para as empresas. Além disso, ela também impacta o mercado e a percepção dos investidores sobre uma determinada organização. Através desta leitura, você entenderá os motivos que levam as empresas a recomprarem suas próprias ações e como isso pode afetar o seu investimento. 

Então, por que uma empresa decidiria comprar de volta ações que já vendeu? E como isso pode influenciar a saúde financeira da organização? Essas e outras questões serão abordadas nos próximos tópicos. 

Para nos aprofundarmos, vamos estudar os seguintes tópicos: 

  • Entendendo o conceito de recompra de ações 
  • Histórico da recompra de ações no Brasil e no mundo 
  • Motivos que levam uma empresa a recomprar suas próprias ações 
  • Modalidades de recompra 
  • Vantagens da recompra para a empresa 
  • Impacto para os acionistas 
  • Aspectos legais e regulatórios 
  • Efeitos econômicos no longo prazo 

Portanto, se você busca aprofundar seus conhecimentos e compreender os desdobramentos da recompra no cenário econômico, está no lugar certo! 

Entendendo o conceito de recompra de ações

A recompra de ações, como o próprio nome indica, ocorre quando uma empresa adquire novamente suas próprias ações no mercado. Contudo, essa decisão vai além de um simples ato de compra. Ela reflete uma estratégia corporativa que pode ter diversos objetivos. 

Primeiramente, é essencial entender que as ações representam frações do capital social de uma empresa. Quando uma organização decide recomprar suas ações, ela reduz o número de ações em circulação. Portanto, isso significa que a participação de cada acionista restante aumenta, mesmo que sutilmente. Além disso, essa ação pode sinalizar confiança da diretoria na saúde financeira e no futuro da empresa. 

Outro ponto crucial é que, ao reduzir o número de ações no mercado, a empresa pode influenciar o preço dessas ações. Se a oferta diminui e a demanda permanece constante, é natural que o preço suba. Assim, muitas vezes, a recompra surge como uma maneira de valorizar os papéis da empresa. 

Por fim, é relevante mencionar que a recompra também pode ter um objetivo de defesa. Em situações em que a empresa percebe ameaças de aquisições hostis, recomprar ações pode ser uma estratégia para manter o controle e a estabilidade. 

Dessa forma, a recompra de ações é uma ferramenta multifacetada, cuja aplicação exige análise criteriosa e clara visão estratégica por parte das empresas. E para os investidores, compreender esse movimento pode ser fundamental na hora de tomar decisões informadas. 

Histórico da recompra de ações no Brasil e no mundo

No cenário internacional, a recompra de ações tem origem nos Estados Unidos, durante os anos 1980. Naquele período, muitas empresas 

americanas começaram a enxergar benefícios estratégicos na aquisição de seus próprios papéis. Além disso, a desregulamentação do mercado financeiro e mudanças fiscais favoreceram essa prática. 

No contexto brasileiro, a recompra de ações ganhou força a partir da década de 2000. Antes disso, porém, a legislação brasileira apresentava limitações e não era tão clara quanto às regras para a recompra. Com a edição da Lei nº 10.303, em 2001, o processo se tornou mais transparente e as empresas passaram a ter maior segurança jurídica. 

A adoção desta prática no Brasil teve como impulso o amadurecimento do mercado de capitais. Portanto, com o tempo, muitas organizações viram na recompra uma oportunidade de otimizar sua estrutura de capital e gerar mais valor. 

No entanto, vale ressaltar que, tanto no Brasil quanto no mundo, a recompra de ações também tem seus críticos. Alguns argumentam que essa prática pode ser utilizada para manipular resultados e beneficiar indevidamente diretores e gestores. 

Assim, ao longo dos anos, a recompra de ações tem sido objeto de debates e análises. E, como qualquer ferramenta financeira, seu uso exige responsabilidade e transparência, visando sempre o benefício de todos os envolvidos. 

Motivos que levam uma empresa a recomprar suas próprias ações

Diversas razões estratégicas podem levar uma empresa a decidir pela recompra de suas ações. Primeiramente, um motivo comum é a percepção de que as ações estão subvalorizadas no mercado. Assim, ao recomprá-las, a empresa sinaliza confiança no próprio valor e potencial de crescimento. 

Outra razão é a otimização da estrutura de capital. Algumas empresas possuem excesso de caixa e, em vez de distribuir dividendos ou investir em projetos com retorno incerto, preferem recomprar ações. Isso pode aumentar o retorno sobre o capital próprio, elevando a atratividade para investidores. 

Além disso, a recompra pode ser uma forma de evitar aquisições hostis. Quando uma empresa adquire quantidade significativa de suas próprias ações, reduz-se o número de papéis disponíveis no mercado. Assim, torna-se mais difícil para terceiros acumularem participação significativa. 

Há também o motivo ligado à remuneração de executivos. Em muitos casos, a remuneração é atrelada ao desempenho das ações. Portanto, ao recomprar ações e reduzir o número em circulação, há uma tendência de elevação do preço, beneficiando direta ou indiretamente a alta gestão. 

Por último, a recompra pode ser uma resposta a situações específicas, como uma crise que tenha impactado negativamente a percepção do mercado. Nesse caso, a empresa demonstra proatividade e busca reverter o cenário desfavorável. 

Modalidades de recompra

A recompra de ações não é um processo uniforme. As empresas possuem diferentes modalidades à disposição, adequadas a distintas estratégias e objetivos. Primeiramente, temos a recompra em mercado aberto. Nesse método, a empresa adquire suas ações diretamente na bolsa de valores, sem um prazo determinado para finalizar o processo. Isso oferece flexibilidade, pois permite à empresa decidir a quantidade e o momento de compra. 

Outra modalidade é a oferta pública de recompra. Aqui, a empresa anuncia antecipadamente a intenção de adquirir uma quantidade específica de ações a um preço estabelecido. Assim, os acionistas decidem se desejam vender seus papéis pelo preço proposto. 

Se quiser saber mais sobre a oferta pública de recompra, acesse o nosso artigo clicando aqui. INSERIR LINK PARA O ARTIGO Blog_00150. 

Também existe a recompra negociada. Neste caso, a empresa adquire ações de acionistas específicos, geralmente grandes detentores, em negociações diretas. Essa modalidade permite transações mais rápidas e volumosas, mas pode exigir um preço mais elevado. 

Há ainda a possibilidade de utilização de contratos derivativos para a recompra de ações. Por meio dessa estratégia, a empresa se compromete a adquirir os papéis no futuro a um preço previamente definido. 

Vantagens da recompra para a empresa

A decisão de uma empresa em recomprar suas próprias ações não ocorre ao acaso. Há benefícios claros por trás dessa estratégia. Primeiramente, a recompra pode sinalizar ao mercado que a empresa considera suas ações subvalorizadas. Assim, investidores podem interpretar a ação como um sinal de confiança na saúde financeira da empresa. 

Além disso, ao reduzir o número de ações em circulação, o lucro por ação tende a aumentar. Isso pode tornar a empresa mais atraente para novos investidores e, consequentemente, elevar o preço das ações. Outro ponto é que a recompra de ações permite à empresa uma destinação produtiva para o excesso de caixa. Sobretudo quando não existem investimentos mais rentáveis ou necessidade de pagamento de dívidas. 

A recompra também auxilia no gerenciamento da estrutura de capital. Com menos ações no mercado, a empresa pode atingir uma relação dívida/capital mais desejável. E ainda, ao adquirir e “aposentar” as ações, a empresa diminui a diluição dos acionistas existentes, valorizando sua participação. 

Outro benefício relevante é a flexibilidade na gestão de incentivos a funcionários. Ao recomprar ações, a empresa pode destiná-las a planos de opção de compra, atraindo e retendo talentos. 

Impacto para os acionistas

Quando uma empresa decide recomprar suas ações, os acionistas observam com atenção. Eles reconhecem que tal decisão pode influenciar diretamente no valor de seus ativos. Primeiramente, como mencionado anteriormente, a recompra frequentemente sinaliza que a empresa acredita na subvalorização de suas ações. Por consequência, essa ação pode impulsionar a confiança dos investidores. 

Além disso, com menos ações circulando no mercado após a recompra, o valor das ações restantes tende a crescer. Isso significa que os acionistas veem o valor de sua participação aumentar. Outro ponto positivo é o aumento do lucro por ação. Este crescimento, mesmo que seja apenas uma consequência matemática da redução do número de ações, pode atrair mais investidores e ampliar o valor de mercado. 

Por outro lado, a recompra pode resultar em benefícios fiscais para os acionistas. Em vez de receber dividendos, que podem ser tributados, os acionistas vendem parte de suas ações para a empresa. Dessa forma, eles se aproveitam de taxas de imposto sobre ganhos de capital mais baixas. 

Contudo, é fundamental que os acionistas avaliem as razões por trás da recompra. Em alguns casos, a empresa pode estar tentando maquiar resultados ou encobrir problemas de gestão. Assim, enquanto a recompra pode trazer benefícios imediatos, a longo prazo, a saúde financeira e operacional da empresa permanece sendo o fator mais crucial. 

Aspectos legais e regulatórios

A recompra de ações no Brasil não é uma decisão simples e envolve diversos aspectos legais. A Lei das Sociedades por Ações, especificamente o artigo 30, determina as regras gerais para tal procedimento. Primeiramente, a empresa deve justificar a recompra dentro de seu propósito social. Além disso, não pode ultrapassar o montante de lucros e reservas, exceto em casos específicos. 

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também estabelece regulamentos claros. Por  

exemplo, a Instrução CVM 567/15 define prazos, volumes e informações que devem ser divulgadas durante o processo. Este instrumento legal surgiu, entre outros motivos, para garantir transparência e prevenir manipulações de mercado. 

Além disso, é fundamental que a recompra seja aprovada em Assembleia Geral ou pelo Conselho de Administração, conforme o estatuto social da companhia. Tal aprovação protege os interesses dos acionistas, evitando que decisões unilaterais comprometam o patrimônio da empresa. 

Por outro lado, as empresas que optam pela recompra devem estar atentas a possíveis impactos fiscais. Algumas operações podem ser tributadas, enquanto outras podem ser isentas, dependendo das circunstâncias e da modalidade de recompra. 

Efeitos econômicos no longo prazo

A recompra de ações gera impactos significativos na economia das empresas e no mercado como um todo. A curto prazo, tais movimentos podem elevar o preço das ações devido à diminuição de sua oferta. Entretanto, no longo prazo, os efeitos são mais complexos e merecem análise detalhada. 

Primeiramente, a recompra pode sinalizar confiança da gestão na saúde financeira da empresa. A decisão de reinvestir em si mesma, por vezes, indica uma visão otimista sobre o futuro dos negócios. Este gesto pode atrair investidores e impulsionar ainda mais a valorização das ações. 

Além disso, a diminuição das ações em circulação aumenta o lucro por ação (LPA). Com um LPA mais elevado, a empresa se torna mais atrativa para investimentos, gerando um ciclo positivo de valorização. Por outro lado, é importante notar que este aumento não surge de crescimento real, mas de uma reconfiguração contábil. 

Contudo, nem todos os efeitos são positivos. A recompra, se mal planejada, pode resultar em endividamento. A longo prazo, dívidas elevadas comprometem a saúde financeira e podem levar à desvalorização da empresa no mercado. 

Outro aspecto a considerar é o reinvestimento. Empresas que optam por recomprar ações em vez de reinvestir em inovação ou expansão podem enfrentar estagnação. O mercado, percebendo essa postura, pode reagir negativamente, impactando a confiança dos investidores. 

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